domingo, 27 de fevereiro de 2011

O nível de conhecimento da população está muito baixo


Apesar de trabalhar em instituição de ensino desde 1997, entrei pela primeira vez dentro da sala de aula em fevereiro de 2005 e conforme o planejamento das aulas de geografia para o 2º ano do Ensino Médio daquele ano, comecei a introduzir o tema dos antecedentes da Nova Ordem Mundial, ou seja a 2ª Guerra Mundial e a Guerra Fria, quando fui interrompido por uma aluna, que com o olhar assustado, me fez a seguinte pergunta:

“Professor quem são essas pessoas que você está falando? Quem é esse tal de Hitler? “


Não tive reação, fiquei estático, sem saber o que falar: “Como alguém não sabe quem foi Adolf Hitler?” pensei na hora. É claro, tentei cumprir o meu papel tentando explicar o que todos os seres humanos do século XXI deveriam saber.

Esse acontecimento ilustra o que estou tentando dizer com o título desse texto: O nível de conhecimento das pessoas está baixo, e fica dificílimo trabalhar dessa forma. Será que isso é culpa, apenas, da escola e dos professores?

A falta de conhecimentos gerais reflete a falta de hábito da população em estudar, em produzir seu conhecimento. Poucos de nossos alunos possuem o hábito de ler um livro, um jornal ou um artigo de uma revista e quando entram na internet, é para jogar, usar as redes sociais ou bater papo no MSN. Poucos usam os recursos tecnológicos para se nutrir de conhecimento.

O despertar do conhecimento deve acontecer na escola? A grande maioria dos pedagogos que conheço diriam que sim, mas eu digo que NÃO é bem assim: a Escola não é a única instituição responsável pela disseminação do conhecimento. Nossos alunos não leem, simplesmente, porque seus pais não leem, logo, não desenvolveram esses hábitos em casa. É muito difícil desenvolver o hábito da leitura nos alunos, quando em casa, eles possuem hábitos e distrações que irão tirá-los desse caminho. Hoje, o áudio visual, representado pela internet e pela televisão, ocupa um espaço maior na vida das pessoas do que deveria. Grande parte dos programas de televisão são fúteis e não trazem engrandecimento nenhum as pessoas, aliás nos tentam empurrar lixo como cultura.

A própria família coloca na cabeça da criança que ler é chato, que ler é uma droga. A criança aprende em casa que ver TV é melhor, é mais legal. Várias crianças ficam presas ao mundo da TV e não aprendem que ler e aprender por conta própria pode ser um grande prazer e que isso é necessário.

Hoje temos muita informação e pouco conhecimento e sem o conhecimento geral necessário para o desenvolvimento intelectual, nossos alunos se tornarão a massa de manobra do futuro, assim como seus país o são hoje.

Se quisermos uma revolução educacional de verdade, ao contrário de culpar mais uma vez o professor, devemos lembrar que “educação começa em casa” e tomarmos medidas globais (envolvendo governo e os meios de comunicação, família e escola) para aumentarmos urgente, o nível de conhecimento da população brasileira. Agora, colocar essa responsabilidade apenas nos professores é preconizar que o fracasso educacional perdure.

Até que ponto o fracasso escolar é culpa do professor?


Frequentemente nos deparamos com textos escritos nos meios de comunicação que culpam os professores pelo fracasso escolar. Politicas publicas, como o plano de metas como o elaborado na gestão de Wilson Rissolia, apenas corroboram com essa visão. Culpar o professor é uma tendencia que parece ser irreversível, tendo em vista que não temos muita voz, por isso darmos um grito de CHEGA nessa situação é uma prioridade que todo professor deveria assumir.

O que eu escrevo neste blog, na parte de educação, não está baseado em pesquisas acadêmicas ou em achismo: faz parte da história de vivencia minha e de muitos colegas, sua grande maioria da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, seja em conversas pessoalmente ou em redes sociais, como o Orkut. Pessoas que estariam confinadas se não fossem os modernos meios de comunicação, que cada vez mais deverá ser usado para divulgarmos outras causas do fracasso educacional.

Longe de apontar todas as causas, os textos desse blog deverão servir para a reflexão e, gostaria que fosse lido não apenas por professores, mas por pedagogos e pela população em geral, para que tenham uma visão mais realista do que acontece dentro de uma escola hoje e com a nossa população como um todo.

Existem várias causas para o fracasso escolar e não apenas o trabalho do professor, dentre elas políticas públicas insuficientes e a própria falta de autodeterminação da sociedade para que o aluno realmente aprenda.

Cabe ao professor hoje, dizer não ao título de algoz da educação, não devemos aceitar que nos culpabilizemos pelo fracasso escolar e, dessa forma, inocentar os verdadeiros culpados e eximir a sociedade de sua responsabilidade.