Apesar de trabalhar em instituição de ensino desde 1997, entrei pela primeira vez dentro da sala de aula em fevereiro de 2005 e conforme o planejamento das aulas de geografia para o 2º ano do Ensino Médio daquele ano, comecei a introduzir o tema dos antecedentes da Nova Ordem Mundial, ou seja a 2ª Guerra Mundial e a Guerra Fria, quando fui interrompido por uma aluna, que com o olhar assustado, me fez a seguinte pergunta:
“Professor quem são essas pessoas que você está falando? Quem é esse tal de Hitler? “
Não tive reação, fiquei estático, sem saber o que falar: “Como alguém não sabe quem foi Adolf Hitler?” pensei na hora. É claro, tentei cumprir o meu papel tentando explicar o que todos os seres humanos do século XXI deveriam saber.
Esse acontecimento ilustra o que estou tentando dizer com o título desse texto: O nível de conhecimento das pessoas está baixo, e fica dificílimo trabalhar dessa forma. Será que isso é culpa, apenas, da escola e dos professores?
A falta de conhecimentos gerais reflete a falta de hábito da população em estudar, em produzir seu conhecimento. Poucos de nossos alunos possuem o hábito de ler um livro, um jornal ou um artigo de uma revista e quando entram na internet, é para jogar, usar as redes sociais ou bater papo no MSN. Poucos usam os recursos tecnológicos para se nutrir de conhecimento.
O despertar do conhecimento deve acontecer na escola? A grande maioria dos pedagogos que conheço diriam que sim, mas eu digo que NÃO é bem assim: a Escola não é a única instituição responsável pela disseminação do conhecimento. Nossos alunos não leem, simplesmente, porque seus pais não leem, logo, não desenvolveram esses hábitos em casa. É muito difícil desenvolver o hábito da leitura nos alunos, quando em casa, eles possuem hábitos e distrações que irão tirá-los desse caminho. Hoje, o áudio visual, representado pela internet e pela televisão, ocupa um espaço maior na vida das pessoas do que deveria. Grande parte dos programas de televisão são fúteis e não trazem engrandecimento nenhum as pessoas, aliás nos tentam empurrar lixo como cultura.
A própria família coloca na cabeça da criança que ler é chato, que ler é uma droga. A criança aprende em casa que ver TV é melhor, é mais legal. Várias crianças ficam presas ao mundo da TV e não aprendem que ler e aprender por conta própria pode ser um grande prazer e que isso é necessário.
Hoje temos muita informação e pouco conhecimento e sem o conhecimento geral necessário para o desenvolvimento intelectual, nossos alunos se tornarão a massa de manobra do futuro, assim como seus país o são hoje.
Se quisermos uma revolução educacional de verdade, ao contrário de culpar mais uma vez o professor, devemos lembrar que “educação começa em casa” e tomarmos medidas globais (envolvendo governo e os meios de comunicação, família e escola) para aumentarmos urgente, o nível de conhecimento da população brasileira. Agora, colocar essa responsabilidade apenas nos professores é preconizar que o fracasso educacional perdure.