quarta-feira, 29 de junho de 2011

Resposta a revista Veja

Recebi esse e-mail de uma colega de trabalho, é interessante ver que os problemas que passamos no governo do Estado do RJ, são os mesmos de outros estados, no caso o Paraná.

Leiam a referida reportagem que saiu na revista Veja e gerou o
protesto da professora relatado abaixo:


link revista veja http://veja.abril.com.br/230610/aula-cronometrada-p-122.shtml


RESPOSTA À REVISTA VEJA
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador. Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.

Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.

Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam
presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na
rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.

Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria.
Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores?

E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.

Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus,só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.

E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às
pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde?

É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os
que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que
ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.

Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos.
Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro,que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.

E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série,
e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.
Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros,precisamos de carteiras escolares, livros,materiais,quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria
de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade.

Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmoEm plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem
despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.

Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a todos os seus! Grata.

Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais". Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!! Somos politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a profissão.

Vanessa Storrer - professora da rede Municipal de Curitiba!

Eu amo tudo o que foi, tudo o que já não é A dor que já não me dói, a antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou, o que deixou alegria só porque foi e voou e hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa

sábado, 18 de junho de 2011

"O salário não interfere no trabalho do professor !!!" (????)

Em uma saudável discussão com um colega de trabalho, sobre o salário dos professores, ele proferiu as seguintes sentenças, o pior é que já a ouvi inúmeras vezes, principalmente de alguns pedagogos e de economistas especialistas em educação:

“Aumentar o salário do professor não vai aumentar a qualidade do trabalho dele”

“O professor pode ganhar do estado R$5.000,00 por mês que ele irá querer trabalhar mais, não irá reduzir sua carga horária para ganhar mais...”

“Dizer que meu baixo salário interfere no meu trabalho é admitir que meu trabalho é uma porcaria...”

Caramba, fiquei extremamente preocupado quando um professor, crítico por natureza, profere essas seguintes frases.

A primeira é facilmente contestada: Se você está preocupado em pagar suas contas e faz uma tripla jornada, é humanamente impossível, que você esteja realizando um bom trabalho. As pessoas esquecem que o corpo humano cansa, necessita de repouso e ainda, você está sem tempo para se atualizar. A qualidade do trabalho fica comprometida e, não por incompetência do professor, mas simplesmente por que o corpo e a mente não aguentam. As doenças e as síndromes como a de Burn out, aparecem.

A segunda frase, realmente eu concordo em parte, pois existem várias pessoas gananciosas e mercenárias, inclusive professores. Mas a solução é bem simples: normatiza (exija dedicação exclusiva no Edital) e, ainda, fiscalize, passe um pente fino na vida dos professores regularmente e, pronto, problema resolvido !!

O outro também é facilmente contestável. É claro que não considero o meu trabalho e nem o de nenhum colega meu uma porcaria. Fazemos o que podemos, o que está em nosso alcance, mas tendo tripla jornada, o trabalho fica comprometido e, admito, que ninguém em más condições realiza um trabalho de excelência, afinal ele está comprometido.

Sem contar que os baixos salários interferem diretamente na educação e na vida do aluno, pois são a principal razão para as exonerações diárias que acontecem no governo do Estado. Desse jeito as Seeducs estarão sempre com falta de professor e, os alunos, sempre com defasagem de conteúdos.


Bem, leêm essa matéria, vale a pena !


http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/06/professores-fazem-ate-jornadas-triplas-para-aumentar-renda.html

Matéria JB On Line: Professores X Bombeiros

O objetivo do blog não é replicar textos, mas como este está mutio bem escrito, decidi colocá-lo aqui.

1ª Matéria Decente sobre o Professor!
JB online

Bombeiros e professores
14/06/2011 - 19:16 | Enviado por: Migliaccio

Bom, antes mesmo de iniciar este texto, sei que vão me acusar de estar contra os bombeiros. Mas não é nada disso. Ainda me lembro quando pequeno, ganhei um kit com capacete, cinto vermelho e um machadinho. Adorava aquele capacete preto com um arco dourado no alto.

Meu primo Marcos, então, era fanático pelos caminhões vermelhos que cruzavam as ruas em alta velocidade, tocando aquela sirene altíssima, a caminho de alguém em pânico em algum lugar da cidade. Num prédio em chamas, no fosso de um elevador ou mesmo no topo de uma árvore onde um bichano indeciso tinha nos bombeiros a última esperança para salvar a derradeira de suas sete vidas.

Só o que me espanta nesse movimento grevista que tomou conta do Rio é a adesão da população. Nada contra, a causa é justa. Soldados do fogo que arriscam suas vidas têm que ter uma remuneração digna, claro.

Assim como os policiais civis e militares, que deveriam ganhar, no mínimo, R$ 5 mil por mês.

Mas eu fico me perguntando quantas greves de professores aconteceram sem que a população lhes desse a menor pelota.

E nem bombeiro, nem policial, nem médico _ apesar da nobreza e da importância de seus ofícios _ têm tanta responsabilidade social quanto o professor.

No entanto, nunca vi a cidade sair as ruas de fita vermelha na mão para protestar contra o salário de fome dos nossos mestres docentes. O que espera um país, um estado, uma cidade que paga menos de R$ 1 mil por mês àqueles que vão formar os cidadãos de amanhã?

Evidentemente, tudo que se pode esperar é um amanhã igual ou pior que o triste hoje em que vivemos. Com os jovens saindo das faculdades sem nem saber escrever uma simples redação sobre suas últimas férias.

Mas os bombeiros, com sua aura de heróis, ganharam a adesão dos cariocas. A mídia ajudou bastante, depois de subestimar o movimento até não poder mais e de atribuí-lo a uma jogada política do ex-governador do Rio Garotinho.

A desastrada invasão do quartel com mulheres e crianças, porém, por incrível que pareça, revelou-se um catalizador da opinião pública. E a greve ficou tão forte que o governador teve que ceder.
Tomara que os bombeiros consigam salários dignos. Eles merecem.
Mas e os professores, que mal ganham para comer que dirá para se aperfeiçoarem e educarem melhor nossas crianças? E esses educadores que arriscam suas vidas em escolas em áreas conflagradas e sofrem ameaças de alunos delinquentes e de pais piores ainda?
Quando vamos sair às ruas para que este país tenha uma educação decente?

Marcelo Migliaccio, coluna "rio acima", do JB online. Segue o link da matéria abaixo:
http://www.jblog.com.br/rioacima.php?itemid=27120


Obs. Postada orignalmente no JB on line e na comunidade do orkut “Concurso para Magistério - RJ”


Completando:

É incrível como me senti ignorado nessas passeatas.
Nem por culpa dos bombeiros, mas como a sociedade nos vê?
Parece que somos inimigos, que somos culpados pelas mazelas sociais que existem por aí.
Acho que as pessoas que atacam a classe docente conseguiram seu intento.
(eu ia citar alguns nomes, mas acho que todos conhecem, pelo menos um...)
Vocês venceram a batalha, mas não a guerra !!!

Uma colega de trabalho disse algo do tipo: “a sociedade admira os bombeiros, mas não admira o professor, a sociedade só defende quem ela admira”.
Ela pode estar certa, mas e aí?
Como ficamos?

O pior cego é aquele que não quer ver, já diz o velho ditado, se a sociedade não acordar para os problemas da educação, não só o salarial, mas também os outros, que afetam o ensino como as turmas hiperlotadas (que revelam que o número de escolas é insuficiente para atender as demandas), só para citar um exemplo recorrente.

A sociedade, instigada pelos meios de comunicação nefastos que temos por aí, parece estar sendo levada a cometar um grande equívoco, equívoco esse que poderá se tornar irreparável dentro de alguns poucos anos !!!