sexta-feira, 25 de março de 2011

Plano de Metas da Educação do Rio de Janeiro: do economicismo ao cinismo

Esse blog não possui o objetivo de replicar textos, mas acho que esse texto deve ser lido e divulgado, não apenas entre todos os professores, mas para toda a sociedade. Como eu estava pensando em escrever um texto sobre o nefasto plano de metas do governo estadual do RJ, decidi replicá-lo.

Ele não foi escrito pelo SEPE, Uppes, algum professor insatisfeito da rede ou coisa parecida, mas por educadores de renome: professores da UERJ e da UFRJ, o que dá bastante respaldo as nossas críticas e ideias. Foi publicado na folha dirigida e no site da Fiocruz.
Link: http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=464

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Neste artigo, pesquisadores Gaudêncio Frigotto, Vânia da Motta, Zacarias Gama e Eveline Algebaile analisam a política anunciada pela secretaria estadual de educação para o Estado do Rio de Janeiro, que associa a gratificação aos docentes ao cumprimento de metas. Para eles, o estado caminha na contramão das resoluções da Conferência Nacional de Educação

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13/01/2011
Plano de Metas da Educação do Rio de Janeiro: do economicismo ao cinismo
Gaudêncio Frigotto, Vânia da Motta, Zacarias Gama e Eveline Algebaile


Em entrevista ao Globo News, o Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Risolia, na sexta-feira, dia 07.01.2011, anunciou as cinco frentes de trabalho para a educação pública ao longo dos próximos quatro anos. Em extensa matéria, sob o título Choque na Educação, o jornal O Globo (08.10.2011, p. 14) detalha estas medidas. Confessamos que ficamos estarrecidos pelo caráter economicista e tecnocrático, e pela superficialidade das medidas propostas.

As cinco frentes de trabalho apresentadas teriam como objetivo atacar as questões pedagógicas, o remanejamento de gastos, a rede física, o diagnóstico de problemas e os cuidados com os alunos. As medidas mais destacadas, porém, foram a implantação de um regime meritocrático para a seleção de gestores; a realização de avaliações periódicas; o estabelecimento de metas de desempenho para balizar a concessão diferenciada de gratificações aos docentes; e a revisão das licenças dos 8 mil professores em tratamento de saúde. Ou seja, medidas que reforçam a ideia de que, no fim das contas, os profissionais da educação são os responsáveis pelos problemas educacionais, resumidos, por sua vez, aos baixos índices obtidos pela rede estadual no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Um exemplo da lógica de suspeição aí implicada é a contratação de uma empresa privada para passar um pente fino nas licenças médicas, sinalizando um duplo pré-julgamento: aos profissionais de saúde que concederam a licença e aos próprios professores que buscaram atendimento. Por certo, há implícita uma meta de quantos destes não podem passar no pente fino e deverão, agora saudáveis e motivados, voltar às salas de aula.

Trata-se, portanto, de uma proposta que não vai ao fundamental e pega o pior atalho: premiar quem chega às metas, metas imediatistas, de lógica produtivista, que não incorporam medidas efetivas voltadas para uma educação pública de qualidade. A lógica subjacente à proposta, que já está sendo chamada de choque de gestão de administração, apenas trabalha com dois conceitos fundamentais: forçar o professorado a produzir um IDEB elevado, sem efetivamente melhorar as suas condições de trabalho, e baratear o custo da educação adotando, de imediato, a meta conservadora de economizar R$ 111 milhões dos gastos. Uma lógica tecnocrata que reconhece somente cálculos de custos e de benefícios, que vê as pessoas apenas como dados, destituídos de vontade e voz, indo de encontro às próprias bases ideológicas liberais e neoliberais que ainda consideravam o homem dotado de livre iniciativa, mesmo em sua forma de indivíduo, homo economicus.

O espantoso é que a Secretaria de Estado do Rio, com essa proposta, caminha visceralmente na contramão dos encaminhamentos concluídos nas reuniões da Conferência Nacional de Educação de 2010, do que foi acordado no novo Plano Nacional de Educação e do que vem sendo discutido no Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, há poucos dias instalado por dezenas de entidades ligadas à educação, à cultura, aos movimentos sociais e às instituições de ensino e científicas do estado do Rio de Janeiro. Mais que isso, em total dissonância com a indicação que a Presidente da República, Dilma Rousseff, fez em seu discurso de posse, para enfrentar o problema da educação: reconhecer o professor como a autoridade pedagógica de fato e de direito.


"Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens". (Dilma Rousseff, Discurso de posse, 01.01.2011).

Os debates e proposições aí implicados vêm afirmando insistentemente que não se fará educação de qualidade sem restituir às instituições plenas condições de funcionamento, tornando-as atrativas e adequadas ao bom aprendizado dos alunos; sem garantir, aos profissionais da educação, as condições de trabalho que favoreçam o efetivo exercício da autoria pedagógica e da atuação coletiva na construção do processo educativo escolar; sem dar sustentação a cada escola para que ela se torne o lugar de uma experiência participativa efetivamente capaz de ampliar seus sentidos como instituição pública.

Ignorando os acúmulos desse debate, a Secretaria aposta exatamente no seu contrário, impulsionando a estandardização da rede estadual, por meio da subordinação de sua organização e gestão pedagógica a critérios mercantis, e da sujeição de suas instituições e profissionais a relações de disputa e concorrência.

A estandardização da educação, dura e seriamente questionada hoje por vários setores da sociedade, camufla-se, comumente, por meio do discurso do mérito, do desempenho, da competência e da eficiência, omitindo a grave responsabilidade das próprias elites e do Estado, no Brasil, na longa história de produção reiterada de uma escola precária para a grande maioria da população. Caracteriza-se principalmente, no entanto, pelo estabelecimento de mecanismos padronizados capazes de operar o posicionamento diferenciado dos profissionais e das instituições, reiterando a produção desigual da escola por meio da sua suposta "modernização".

A instituição de premiações, a contratação de empresas gestoras de processos, o estabelecimento de mecanismos de avaliação orientados para a produção de rankings, a instauração de regimes de trabalho que associam a concessão de gratificações diferenciadas à atuação de profissionais e instituições em processos concorrenciais semelhantes a gincanas são exemplos dos mecanismos que operam essa crescente diferenciação. Seus resultados são já bem conhecidos: a intensificação do estabelecimento de regimes e estatutos profissionais diferenciados; a desagregação do professorado em decorrência da instauração de relações concorrenciais entre professores e entre escolas; o não reconhecimento do professor como profissional capaz de dispor sobre o próprio trabalho; a subordinação da gestão educacional e da ação escolar a agentes externos não coadunados com os fins e a função pública da educação; a consolidação de padrões desiguais de formação escolar.

Sem situar o professorado no coração do processo de resgate da qualidade da educação fluminense, melhorando significativamente o seu salário, carreira docente e condições objetivas de trabalho, não há perspectiva real de alterar de fato o atual quadro da educação básica, como sublinhou, também, o ex-Ministro de Assuntos Estratégico, Samuel Pinheiro Guimarães, no Seminário organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ - Qual desenvolvimento e Educação e para que Sociedade? - e do qual o atual Secretário de Educação do Estado participou na abertura.Recentemente, os Senadores Pedro Simon e Cristovam Buarque apresentaram Projeto de Lei pelo qual se estenderia o mesmo reajuste salarial aprovado para os Senadores, de 61,78%, para os professores da educação básica das escolas públicas. Os Senadores tomaram como referência a menor base do piso (não reconhecida pelas entidades que representam os professores, que era de R$ 1.024,00). Esse percentual de aumento representa, de fato, uma novidade, se considerarmos que os reajustes dos profissionais do campo das políticas públicas raramente se aproximaram das nababescas auto-concessões do legislativo e do judiciário. Deve-se, porém, observar que, aplicando aquele reajuste, o piso seria de R$ 1.656,62, 16,13 vezes menor que o salário pago aos parlamentares a cada mês: R$ 26.723,13; o equivalente a 3 salários mínimos. Cabe lembrar aqui que os professores não tem o acréscimo de verba de representação para a compra de roupa, livros, correio, transporte, vale alimentação, etc. E, com certeza, o nível de escolaridade médio dos deputados e senadores não é diferente, talvez menor do que dos professores.

Perguntas de quem não quer calar-se perante o cinismo: Por que não colocar o mesmo piso de 1.656,62 aos ministros, governadores, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, judiciário, professores universitários, juízes, desembargadores, delegados, generais, etc. e estabelecer uma espécie de IDEB de cada função, com metas quantitativas, oferecendo ao final de cada ano mais três destes salários-base por produtividade? Quem se candidataria a tão nobres funções por essa mixaria e com tal pressão e controle? Por que não, também, estipular este valor como margem máxima de lucro para os banqueiros e empresários? Já imaginaram? Pois, senhores, estão oferecendo esta mixaria aos que cuidam da educação básica da maioria do povo brasileiro (a escola pública no segmento da educação básica - do ensino fundamental ao médio - atende mais de 80%dos estudantes), menos, certamente, dos filhos das profissões ou atividades, entre outras, listadas acima.

Os milhares de professores que atuam na educação pública brasileira podem ser tudo, menos idiotas. O que se está propondo no Estado do Rio de Janeiro e em muitos outros estados e municípios (entre os quais do Rio de Janeiro que se antecipou ao estado) resulta de opções tecnocratas, apoiadas na ideia de que a educação não é um direito social e subjetivo, mas um serviço, uma mercadoria e, por isso, como a define o Secretário, um "negócio falido" como qualquer outro. Nesse quadro, os docentes são tidos como meros entregadores dos pacotes de conteúdos previamente preparados por economistas, administradores, empresários... que se assumem como "autoridades em educação".

Professores, pais, responsáveis, jovens e estudantes, unamo-nos às dezenas de entidades que instalaram em dezembro de 2010 o Fórum Estadual em Defesa da Educação Pública no estado do Rio de Janeiro, no dia 23 de fevereiro próximo, na UERJ, para dizer alto e em bom som: não queremos ser idiotizados. Não reconhecemos essas medidas como legítimas, porque ignoram a história de luta da sociedade brasileira de quase um século pelo direito efetivo à educação pública de qualidade.

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Artigo publicado no Jornal Folha Dirigida de 11/01/2011

Os autores são professores do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Vânia da Motta é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

domingo, 13 de março de 2011

O caminho do meio: Lições do Passado no mundo presente


O consumismo é um padrão de comportamento cada vez mais presente no mundo atual. As pessoas fazem compras, muitas vezes sem necessidade e não percebem o mal que estão fazendo a sim mesmas. Fomos educados a pensar que quanto mais possuímos, mais valorizados somos. É freqüente agente ouvir de uma personagem feminina de alguma novela ou filme dizer que quando está triste vai ao shopping, as compras. Reparem que ninguém cria uma personagem que medita e busca a solução para o problema, pois a solução já foi dada: Fazer Compras, gastar, gastar e gastar. Mas isso não é exclusividade do sexo feminino, há algum tempo atrás, ouvi de um colega a seguinte pérola: “Comprei um carro, agora sou um homem de verdade !” Isso me faz pensar: Onde estão a honra, o caráter, a palavra, a fé, etc? O jovem senhor só se sentiu um homem depois que comprou um carro!

As pessoas hoje vivem como esses personagens: ostentam suas compras para os outros e se sentem superiores aos outros por possuírem o carro mais caro, por morar na zona mais cara da cidade, etc. Passam a ostentar suas riquezas como se isso fosse a real felicidade.

O consumismo vive de uma idéia de que comprar traz felicidade e, principalmente nas épocas de festas de fim de ano a pressão para o consumo é enorme, logo aparecem as propagandas de grandes magazines oferecendo promoções ilusórias, mas que de tão insistentes, nos estimulam a comprar cada vez mais. A pressão é tão grande que ficou praticamente impossível não presentear uma criança no Natal, por exemplo. Imagina como ela irá se sentir diminuída perante as colegas se não for presenteada?

O mundo do trabalho se tornou extenuante e competitivo ao excesso. A enorme competitividade e o fantasma do desemprego – acompanhado das sensações de fracasso pessoal, incapacidade, incompetência, e tantos outros – nos levaram a criação de um aspecto nefasto no sistema mundo que vivemos: O individualismo se sobrepõe a individualidade. Os chamados pecados capitais das religiões do tronco judaico são aflorados no individualismo, não trabalhamos apenas pelo dinheiro, mas pela vaidade e pela ganância. Quantas pessoas se sentem orgulhosas dos cargos que conquistaram, muitas vezes pisando em cima de outras pessoas, fazendo conchavos e agindo sem qualquer ética?

Quando nos vemos exageradamente estressados, geralmente, qual a solução encontrada se não nos metermos nos excessos da vida: Fumar dois ou três maços de cigarro por dia, beber exageradamente, comer demais, praticar exercício físicos demasiados, passamos a não ter uma vida sexual sadia, onde o objetivo do ato sexual passa a ser o desestresse e não um ato de amor. Ou seja os vícios em nosso sistema mundo passam a ser a normalidade e estranho e louco passa ser aquele que se recusa a fazer parte desse jogo, que no fundo, os únicos beneficiados são os detentores dos meios de produção, e diga-se de passagem, só traz benefícios matérias, por que os espirituais a história é outra. Esses vícios geram cicatrizes no corpo e na alma e acaba muitas vezes necessitando de tratamento médico, aqui e na “vida após a vida”.
Quantos de nós passam tanto tempo trabalhando e quando chega em casa, mal dá um beijo de boa noite na esposa (ou marido), toma um banho, assiste uma novela e vai durmir? Quantas pessoas não passam o tempo devido com seus filhos, chegam em casa agressivos, pois precisam extravasar os problemas do trabalho e descontam naqueles em quem mais ama e tentam compensar as ausências e agressividades com presentes e mimos? Quando se dão conta, perdem a (o) companheira(o) e são vistos como estranhos pelos próprios filhos. E aí recorrem aos amigos... mas que amigos? Foram todos embora, se sentiram esquecidos e simplesmente tocaram suas vidas para frente...

O homem ou a mulher que se afoga no trabalho e nos vícios acaba atraindo para si vários problemas, pois sua mente está voltada para uma tarefa e acaba esquecendo dos principais valores da vida: A família e os amigos. A família se deteriora e seus filhos geralmente vão mão na escola, muitos se entregam aos vícios do álcool e das drogas e aí começa a verdadeira degradação social. Quando a família não cumpre seu papel de “porto seguro” da sociedade, é sinal que ela em todos os seus aspectos vão mal.

Tentando resumir, quanto mais nós nos afundamos no sistema de vida que criamos, mas nos afastamos dos verdadeiros valores da vida.

Nem falamos que para sustentar esse padrão de consumo que se exacerba nesse mundo atual, estamos esgotando cada vez mais os recursos naturais não renováveis de nosso querido planeta, poluímos rios e mares e o ar está se tornando cada vez mais uma fonte de doenças. Além disso, os menos favorecidos, se tornam pessoas endividadas e mesmo que não consumam tanto, passam varias minutos, ou mesmo horas, em algum transporte público e da mesma forma, quase não possuem tempo para se dedicar a família.

Então, devemos parar de tomar nossa cervejinha com os amigos? Sair de nossos empregos e mergulharmos numa vida de privações e vivermos de esmolas? Mas o que é um asceta numa cidade grande como Rio de Janeiro ou São Paulo? Olhe para o rosto de um mendigo, olhe em seus olhos e veja se aquela alma está feliz. Na realidade tratasse de um espírito doente, de uma alma que se recusa a cumprir sua missão carnal de evolução. Basta vermos que a grande maioria está entregue aos vícios como o álcool e cometem pequenos delitos para sobreviver. Um mendigo de uma cidade grande está bem distante da idéia original de uma vida asceta.

Ter uma vida de privações nesse sistema capitalista é terrível e existem coisas que não podemos mais deixar de fazer, como por exemplo, trabalhar e estudar, pagar nossas contas, ir ao mercado, comprar roupas, pagar o aluguel ou a prestação de seu imóvel, etc. Não tem jeito, de uma forma ou de outra, temos que consumir. Tornar-se um mendigo ou asceta não é a solução: você estará apenas fugindo do real problema, e numa crença de que a vida é um ciclo de constantes encarnações, o estará adiando para uma vida futura.

Não se trata aqui de pararmos de sentir os prazeres carnais, como a diversão com os amigos, assistir um bom show de música ou degustar um bom vinho e nem tão pouco deixar de se privar de uma noite de amor com sua companheira. Não é nada disso. Não devemos deixar de confraternizar com nosso amigos, de tomar uma cerveja que ajuda a relaxar, não existe crime em querer ter um bom carro na garagem, nem em querer ter sua casa própria e nem em querer pagar o melhor colégio para seus filhos.

Sidarta Gautama em sua busca pela iluminação abandonou o palácio luxuoso em que vivia e passou 6 anos como asceta e viveu de esmolas, praticou todos os tipos de autocrueldade: ficava dias sem comer, durmia em camas de espinhos ou em cemitérios. Aos poucos descobriu que a vida asceta não servia para iluminar a mente, servia apenas para a entorpece-la. Descobriu que a felicidade não estava nem na vida de prazeres excessivos e nem na vida asceta: descobriu que a felicidade está no equilíbrio, que chamou de o “Caminho do Meio”.

Anos antes de Cristo, os filósofos Sócrates e Platão diziam a mesma coisa, atribuíam o “caminho do meio” do equilíbrio como a grande fonte da felicidade.

Evite o consumo exarcerbado: para que algumas mulheres possuem mais de 40 pares de sapatos para dois pés? Você não precisa de trocar de carro a cada ano e nem de estar usando o celular da moda para se sentir superior aos seus colegas de trabalho, se aquele que você está usando está atendendo as suas necessidades.

Cuide de sua saúde, afinal ela é imprescindível para que você realize todas as atividades de sua vida. Procure o equilíbrio em sua vida, não coma demasiadamente, evite os vícios não beba muito: um copo de vinho ou dois copos de uma boa cerveja já são o suficiente para relaxar. Lembre que o primeiro milagre do Cristo foi transformar a água em vinho em um casamento. Enquanto digerir o seu vinho ou a sua cerveja favorita, procure apreciar o seu sabor e contemple para estar saciado, faça o mesmo com um prato de comida e verá que a fome estará saciada no fim de sua alimentação. Caso sinta vontade de nunca mais ingerir álcool, o faça e verá que ele no fundo não fará falta em sua vida. Evite o fumo ativo e jamais use entorpecentes. Pratique esportes, caminhe, corra na praia, Pesquise na Internet textos de sua profissão, leia livros técnicos, mas não se esqueça de uma boa história em quadrinhos; assista o jornal mas também uma boa comedia, dê rizadas com seus amigos, fale bobagens, pois a vida não deve ser levada a sério o tempo todo. 1

Cuide de sua carreira com amor, dê o melhor de si em seu trabalho, mas enquanto estiver no seu local de trabalho. Nos fins de semana vá a praia com seus filhos, não esqueça de levá-los ao cinema ou a algum lugar que eles queiram ir. Leve sua esposa ao teatro ou, até mesmo ao motel e transforme o sexo em ato de amor ao invés de um ato de busca incessante por prazer. Visite seus amigos e seus parentes. Pense na ultima vez que esteve junto das pessoas importantes de sua vida.

Não viva como se esse hoje fosse o último dia de sua vida, pois o amanhã sempre existe, seja na vida carnal ou espiritual. Viva sem pressa, ande devagar e sempre para frente, observe a paisagem e todas as variáveis que podem existir para você chegar ao seu objetivo com menor esforço e com mais sabedoria. Valorize o que você já conquistou, agradeça e não deixe de mirar em novas conquistas, pois afinal elas nos alimentam e nos dão força para continuarmos em frente.
Para o Geógrafo Milton Santos o mundo é dos homens lentos, pois são eles os capazes de transformar a sociedade. Evite a preocupação e lembre-se daquela frase de um episódio da série Kung-fu, estrelada por David Carradine: “Se eu me preocupar o futuro irá mudar?” e não se esqueça: Confie sempre no Deus interior que existe dentro de você e lembre-se que para os budistas a semente da iluminação existe dentro do coração de cada homem.

Seguir o caminho do meio2 é ter coragem, é ter a coragem de dizer Não quando alguém te pedir para fazer algo que fira a sua ética, ou simplesmente quando aquilo que te pedirem te tirar de sua estrada da busca pela felicidade.

Viver sem vícios é ser livre, é viver de verdade sem privações e nunca seja escravo da busca pelo prazer. Lembre-se de que conseguindo essa alquimia interior de trilhar o caminho no meio, todos serão beneficiados, de sua família a toda a humanidade, pois os recursos naturais são esgotáveis e um dia terão fim.


1 Parte desse texto foi inspirado em Tom Coelho, “O caminho do Meio”
2 Para saber mais sobre o caminho do meio, do ponto de vista budista, leia o Caminho do Meio de Rogério Malaquias, disponível em http://www.rubedo.psc.br/Artigos/camimeio.html

quarta-feira, 9 de março de 2011

Fatores que ajudam no fracasso da Rede Estadual de Ensino

Os meios de comunicação e o que está dito nas entrelinhas no plano de metas, o famoso Nova Escola III, culpam os professores pelo fracasso da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Não precisa ser um observador atento para ver que o “buraco é mais embaixo” e que vai muito além da responsabilidade dos profissionais envolvidos diretamente no processo ensino aprendizagem:

* Baixa remuneração dos professores: Incorporação do NE em 7 anos não tende os anseios da classe e, não nos coloca no mesmo patamar de outras instancias públicas dentro de nosso Estado, e ainda, induz a evasão de professores.

* Grande evasão de professores. Se alguem duvida que isso ocorra, repare na grande quantidade de convocações de professores e da regularidade de concursos públicos que NUNCA conseguem suprir as necessidades das redes.

* Alunos sem os pré requisitos necessários: Os alunos chegam, em maioria vindo das prefeituras, mal formados, muitas vezes analfabetos funcionais,

* Turmas super lotadas: Não existe um limite máximo para a formação de uma turma, o limite máximo deveria ser de 25 alunos, com mais 5 sendo considerado excesso

* “Otimização de turmas”: O limite mínimo de uma turma não condiz com a necessidade de um bom ensino, deveria ser baixado de 20 para 10 alunos, caso não crie uma outra turma superlotada. Na realidade essa medida apenas mascara o problema de evasão de professores

* Aumentar o número de escolas em todos os níveis de ensino: a rede é insuficiente para atender uma demanda que vise à verdadeira otimização do aluno (com turmas pequenas e que permitem o trabalho.)

* Horário Integral: O aluno deve ficar mais tempo na escola, para que atividades diversificadas sejam executadas

* Ausência de participação da família,geralmente nas reuniões só aparecem os responsáveis dos bons alunos e os dos alunos que precisam de uma maior atenção da família, raramente aparecem !!!

* A “pressão” existente para que o aluno seja aprovado, vemos isso principalmente nas prefeituras, onde o aluno é mal formado e “empurrado” para a rede do Estado.

* A falta de outros profissionais pedagógicos como psicopedagogos, psicólogos, Orientadores Educacionais, Orientadores Pedagógicos, etc.

*A má interpretação das teorias pedagógicas feitas por pedagogos despreparados que sempre culpam o professor de tudo.

* O aluno é coitaidinho: o aluno é um ser em construção, mas quando é indisciplinado, algumas direções se mostram permissivas e sempre contra o professor, muitas vezes sem apurar os fatos direitos. As direções se tornam permissivas demais. Não querem se comprometer com a comunidade.E sempre é um coitadinho, nunca vai passar disso, então é aprovado por pena.

* A volta da meritocracia para o ALUNO: Precisamos voltar a separar as turmas dos alunos “Fortes” dos “fracos” pois a educação inclusiva acaba excluindo o bom aluno. O bom aluno precisa ser reconhecido dentro da instituição de ensino e, precisamos de condições para preparar melhor aquele aluno que faz por merecer melhores oportunidades na vida.

* Transporte: O sistema de transporte, principalmente no interior do estado, se recusa a transportar os alunos e, a noite, muitas vezes deixa o aluno sem transporte o que favorece. A diminuição de vans na Região dos lagos, dificultou o transporte dos próprios professores dentre as cidades da região

* Segurança, em várias escolas os profissionais trabalham com medo, pois são áreas dominadas pelo tráfico de drogas, o que favorecem alunos violentos

* Leis mal elaboradas e que deixam margens à varias interpretações, como o ECA que tiraram a autoridade do professor.

Retrato aqui alguns dos problemas encontrados, e existem tantos outros de ordem política e social. A solução política apresentada pela nossa Secretaria está fora da realidade e se encontra muito distante de solucionar os problemas educacionais de nosso Estado.

Resumindo: Chega de políticas públicas educacionais ineficientes que não atacam as raizes do problema. Culpar o professor é muito fácil, mas cadê a boa vontade política?

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Indisciplina e a Escola Clube


Alguns segmentos sociais adoram acusar os professores de ministrarem aulas desinteressantes, de serem chatos e ultrapassados e de não usarem as novas tecnologias para facilitar o aprendizado dos alunos. Essas pessoas que nos criticam, não vivem diariamente dentro de uma escola e  não sentem na pele os problemas que enfrentamos. Um destes problemas sempre me chamou atenção: A indisciplina e a Escola Clube.

Deliberadamente, o aluno vai a escola é  não entra na sala. Ele usufrui de várias beneficies da escola: Joga bola, almoça, bate papo, brinca, namora, mas não entra dentro de sala. E quando entra é para bagunçar, atrapalhar o trabalho do professor e em nada contribui para a promoção do bem comum. A escola para ele é um clube e não um lugar de adquirir conhecimento.

E se esse aluno for encaminhado para a Direção, poucas providencias são tomadas, quando não “colocam panos quentes”. Quando a direção toma a providencia de chamar o responsável, esse não comparece. Colegas já me relataram casos de Diretor que serve cafezinho para aluno indisciplinado...

Culpar o professor de ter uma didática fraca e de ministrar uma aula desinteressante é querer engabelar as verdadeiras causas desse problema.

A primeira dela é política: As escolas não possuem funcionários suficientes para garantir seu bom funcionamento. Faltam inspetores suficientes para garantir que este aluno esteja no seu lugar, dentro de sala.

A segunda delas é um fator cultural de inversão de valores: Esse aluno, rebelde, é bem visto por seus colegas, sendo algumas vezes idolatrado. Quando estão em sala, seu comportamento é deplorável: Conversas em voz alta, quer ir ao banheiro toda hora (quando não sai sem autorização do professor), levanta, passeia pela sala, fala ao celuar e tudo mais aquilo que nós professores sabemos que acontece. Esse aluno, totalmente desinteressado em aprender, apenas atrapalha os demais e o trabalho do professor. Lembrando que a indisciplina é favorecida pela superlotação de algumas turmas.

A terceira causa também podemos dizer que é cultural: Quando a família desse aluno é chamada para conversar pela Direção ou Coordenação, se fazem de vítima: “Não sei o que vou fazer com meu filho” ou ainda, resolvem culpar o professor e muitos ainda “querem briga”! Não raro quando chamamos uma mãe para resolver o problema das vestes indecentes de sua filha, ela aparece trajada de forma mais indecente ainda.

Resumindo:
Existem escolas onde a direção não quer se comprometer,
os país jogam a responsabilidade da criação de seu filho para a escola e,
o aluno faz o que quer e nada acontece !!!!

Sem disciplina não há aprendizado !